"Pra
você guardei o amor que nunca soube dar. O amor que tive e vi sem me
deixar, sentir sem conseguir provar, sem entregar e repartir. Pra você
guardei o amor que sempre quis mostrar, o amor que vive em mim vem
visitar, sorrir, vem colorir solar, vem esquentar e permitir. Quem
acolher o que ele tem e traz, quem entender o que ele diz no giz do
gesto o jeito pronto do piscar dos cílios, que o convite do silêncio
exibe em cada olhar. Guardei, sem ter porque nem por razão ou coisa
outra qualquer, além de não saber como fazer, pra ter um jeito meu de me
mostrar. Achei, vendo em você, explicação nenhuma isso requer, se o
coração bater forte e arder no fogo o gelo vai queimar. Pra você guardei
o amor que aprendi vendo os meus pais, o amor que tive e recebi e hoje
posso dar livre e feliz, céu cheiro e ar na cor que o arco-íris. Risca
ao levitar. Vou nascer de novo, lápis, edifício, tevere, ponte, desenhar
no seu quadril meus lábios beijam signos feito sinos, trilho a
infância, terço o berço, do seu lar. Guardei, sem ter porque nem por
razão ou coisa outra qualquer, além de não saber como fazer, pra ter um
jeito meu de me mostrar. Achei, vendo em você, explicação nenhuma isso
requer, se o coração bater forte e arder no fogo o gelo vai queimar."
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